Sinto saudade do cheiro, do abraço, de pedir a benção, do braço pesado quando se apoiava na gente, da mão entre os olhos quando achava algo engraçado, da risada, de entrar na casa e vê-la sentada no sofá logo quando entrava na casa, da rede, dos livros de oração, de ouvir ela dizer ave-meria de minh'alma, das sandálias deformadas por conta dos joanetes, dos vestidos mais lindos, da chiqueza, do cuzcuz feito no pano de prato e com côco ralado por ela, do almoço de domingo, de vê-la se embalando na cadeira de balanço, da festa das formiguinhas, dos natais, de só poder viajar no ano novo depois do dia 27/12, do dia das mães, de cantar feliz aniversário batendo nas panelas e deixá-las deformadas e a tia Dora indignada, da casa na joaquim pimenta, dos conselhos, do olhar que me fazia tremer, da voz, da xuxa, da ninom, do quintal da joaquim pimenta, do resmungado, da vitalidade, de vê-la mangando do povo de um jeito que só ela sabia fazer, de levá-la ao médico, de dormir com ela, do corte de cabelo que era o mesmo desde que eu entendo por gente, da escova de pentear cabelos, de ir pra igreja de Nazaré e avistar ela de longe por causa do véu na cabeça, da união que ela sempre lutou pra que tivéssemos (independente do que tivesse acontecido), do meu aniversário do ano passado que comemorei com ela e na casa dela, do exemplo de mãe e mulher que ela foi e de mais um monte de coisas que não me recordo agora.
Hoje ficou a tristeza no rosto, a dor no coração, o santinho da missa de 7º dia do vovô (que tem escrito atrás: Vi-o agonizar e não sabia se era ele ou eu quem morria. Nenem) e as alianças que eu e matheus ganhamos e que era dela e do vovô.
E ficou faltando a benção do nosso casamento e dos nossos filhos.
Ê, Dona Nenem, dona Maria Guedes, dona Maria G., tu tá fazendo uma falta arretada aqui e juro que não sei se a senhora foi cedo ou tade demais, ou se foi no tempo certo.